Nossa primeira entrevista da Série Ferramentas traz um ponto de discussão muito interessante: Quem deve prover as ferramentas para execução do seu trabalho?
Imagine o seguinte cenário: você foi contratado em uma empresa, chega ao seu local de trabalho e encontra apenas o cabo de rede e uma tomada disponível. Esqueceram de te avisar que era para ter levado seu próprio notebook. Isso é bom ou ruim?
Agora uma outra situação: Um motorista de Uber, por exemplo, utiliza os carros da empresa ou o seu próprio para dirigir e levar os passageiros?
Vou perguntar novamente: Quem deve prover as ferramentas para execução do seu trabalho?
Neste ponto, podemos temperar mais a conversa e dizer que existe uma enorme diferença entre os profissionais autônomos que, normalmente, não podem e nem preferem depender do que uma empresa lhes fornece para o trabalho. Quantos computadores seriam capazes de renderizar um filme 3D em tempo hábil, ou, se a 99 Táxi oferecesse carros para os motoristas, quantos deles você acha que teriam câmbio automático, vidro blindado e direção hidráulica?
Sem generalizar, a questão é que as ferramentas são importantes para qualquer trabalho e um investimento, às vezes, é um grande passo para melhor fazer o que sabe, seja para um profissional autônomo ou não.
Nosso primeiro entrevistado é o William Estrela, confira!
A Entrevista
Glass Cannon: Brevemente, se apresente para a galera conhecer o Will?
William Estrela: Sou William Estrela e trabalho com arte de todo tipo. Vídeos, desenhos (tanto tradicionais quanto digitais), fotografia, modelagem 3D, atuação e música.
- Dentro da área de vídeo faço roteirização, captação, edição, animação, color grading e motion graphics.
- Uso ilustração para criar pequenos storyboards, artes para capas de discos e overlays para Streamers.
- Fotografia nem preciso dizer muito, tiro fotos a trabalho e por hobby.
- Sou iniciante na área 3D mas já tenho um conhecimento intermediário e tudo que aprendo compartilho em tutoriais no Youtube.
- Já faz algum tempo que não atuo, mas sem tempo ruim. o último trabalho que fiz foi no clipe “Não Me Importo” da banda “Overal”.
- Na música, além de cantor e compositor, tenho um bom conhecimento de produção fonográfica que me permite captar, editar e até mesmo mixar um projeto.
GC: Como é sua rotina de trabalho?
WE: Todos os dias depois de acordar cuido das tarefas diárias da casa e inicio meu lazer com estudos, de acordo com o trabalho que estou participando no momento. A partir da tarde dou início a revisão de onde parei para dar seguimento.
GC: Quais ferramentas utiliza para essa rotina e como elas te ajudam?
WE: A partir dos 12 anos comecei a usar o computador da minha avó. Quebrei várias vezes até aprender a utilizar. Na época era o Windows 95. 2 anos depois já tinha meu próprio PC e pude explorar mais da internet e vi potencial nos softwares de edição de vídeo. Fiz brincadeiras com amigos da rua com uma TekPix (sim eu tive uma), que me levou a pegar gosto pela área. Como eu já desenhava no papel sulfite fiquei tentado a desenhar com o MS Paint. E por incrível que pareça, no Windows 98, o software já era bem desenvolvido em ferramentas criativas. Passou mais um ou dois anos e descobri o Adobe Premiere e Photoshop em sua versão número 7. Comecei a estudar por conta própria e em 2007, com 16 anos, consegui meu primeiro trabalho de arte gráfica digital. Uma capa de disco e artes para Youtube da mesma banda que citei anteriormente. As ferramentas facilitaram o aprendizado por ser dentro de uma caixinha computacional, foi isso que despertou o meu interesse.
GC: Recentemente, vejo que está utilizando bastante o Blender, como você toma ciência dessas novas ferramentas?
WE: Eu sempre fui um pesquisador nato na Internet, talvez por ter começado a utilizar bem cedo ou somente por ser curioso. O Blender é um software completão, muito poderoso e OpenSource. E na busca por um software gratuito de edição de vídeo encontrei ele como substituto integral do pacote Adobe.
GC: Como autônomo, você tem mais liberdade para decidir o que vai utilizar, quais softwares, seu próprio computador… como é esse processo pra você?
WE: Sendo autônomo ou não, eu sou meio daqueles “contra a maré”. Bem diferente mesmo. Não suportaria um ambiente que tenta controlar sua criatividade. E acredito que não me daria bem em um ambiente onde todos querem que você use Corel Draw, por exemplo, enquanto eu utilizo Illustrator ou Blender para fazer o mesmo trabalho de maneira mais confortável pra mim.